Simpatia ou empatia?
E você fica na dúvida se relaciona essa palavra (que o palestrante está usando com total naturalidade) com simpatia, antipatia ou com alguma patologia. Bem, alguma coisa boa deve ser, pois ele está afirmando que empatia é uma coisa que se você tiver, vai ajudar em seu trabalho, pois melhora as relações humanas.
Mas, afinal, o que é, exatamente, empatia?
Na tentativa de encontrá-los, liguei para os lugares onde tinha estado durante aquela tarde, até que, no consultório de um amigo psicanalista, onde tinha parado para trocar umas idéias, a secretária disse-me:
- Tem um par de óculos aqui, sim, mas eu não sei se é seu ou é do doutor, pois ele usa um parecido com o seu. Só tem um jeito: precisamos esperar que ele chegue. Aí, ele testa os óculos e verifica se são deles ou não.
- O.k. – respondi resignado.
- Só tem um problema – ela resolveu brincar comigo – quando o doutor coloca os óculos de outra pessoa, ele passa a ver o mundo do jeito que essa pessoa vê, aí ele descobre tudo sobre ela.
Eureka! Foi apenas uma brincadeira bem humorada, jogando com o fato dele ser um psicanalista, mas foi também uma ação pedagógica espetacular para explicar a tal palavrinha: empatia!
Os livros nos informam que empatia é uma condição psicológica que permite a uma pessoa sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância experimentada por outra pessoa. E é isso mesmo. Ver o mundo com os olhos de nosso interlocutor. Inclusive ver a nós mesmos.
Não há, com toda segurança, duas pessoas com a mesma impressão digital, com as mesmas características da íris ou mesmo com o mesmo registro de eletrocardiograma. Da mesma forma, não há duas pessoas que vejam o mundo, com a imensidão de detalhes que fazem parte dele, exatamente da mesma maneira.
Como será que meu cliente, que está neste exato momento em minha frente, depositando em nosso encontro a esperança para a solução de um problema dele, está vendo esse problema? Como ele está vendo o mundo com esse problema? E, principalmente, como ele está me vendo, já que, segundo ele - se não ele não estaria aqui - eu tenho o poder de resolver seu problema? Só vou descobrir tudo isso valendo-me da empatia.
Há duas práticas que criam empatia. A da pessoa que se coloca no lugar da outra e a da pessoa que estimula a outra a se colocar em seu lugar. No primeiro caso predomina a capacidade de entender e no segundo a capacidade de se fazer entender. As duas são igualmente importantes.
Ser empático não é ser simpático. A simpatia pressupõe solidariedade, a empatia pressupõe compreensão. A simpatia cria um envolvimento emocional, que pode prejudicar o julgamento. A empatia estabelece comunicação eficiente. Quando não se cria empatia em uma relação, não há verdadeiramente um diálogo, e sim dois monólogos ocorrendo simultaneamente.
E você, leitor, o que é? Empático ou apenas simpático?
Por Eugenio C. Mussak